O Homem que Encontrou o Sol


O Assunto Vem sentindo-se

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Infantil & Bebê

Na noite dos tempos estrangeiros — entre o húngaro, o suíço e o saltejano — quando o vento parece sussurrar segredos à escuridão, o silêncio embriaga como um vinho antigo, e o mundo assume o ritmo calmo de um bilhete de férias de primavera. Em algum balneário suíço, desses que ainda hoje resistem ao tempo, a natureza arma seu espetáculo silencioso, quase mágico, para os curiosos que ousam olhar além de si mesmos.

É maio, ainda aquecido pelo último sopro do geneiro. As mulheres desfilam com vestidos amarelos e lúcidos, o sol mergulha lentamente nas profundezas do oceano, e as bancas vendem pólvora tingida de verde. Os viajantes apaixonados por esta época do ano sentem que as terras estrangeiras se tornam mais suaves, quase cariocas — como se o sol, desta vez, brilhasse por dentro, iluminando o coração.

Observamos à distância: os jogos que acontecem em qualquer lugar, os rostos enamorados, os estandes onde o tempo parece dormir, as conversas partidas onde o silêncio soa como um gesto de confiança. Vemos as senhoras idosas brincando com o sol e o esquecimento, e as crianças — carentes de amigos ou acolhidas pela luz — tratam o sol como um velho companheiro, um objeto de amor e consolo.

Nós, apenas espectadores, pensamos no que foi ou poderia ter sido. Sentimos algo maior que essas férias passageiras, um segredo na alma, um coração que busca traduzir imagens em palavras para não deixar enterrada, em qualquer papel esquecido, aquela lembrança de amor, consolo ou paixão — o próprio esquecimento.

Quando a noite arma seu espetáculo de luz fragmentada, e as ondas do mar se tornam versos, vemos a poesia em tudo. As senhoras, de novo, brincam com a memória, e a mente de um homem, que um dia agrediu uma criança durante uma festa junina, encontra-se naquele espaço onde os sonhos e os medos se misturam. É ali que os insones enxergam um mundo que se desmancha em insegurança, mas também em revelação.

E ali, sereno, o homem observa. Vê a velha feiticeira do tempo guiando crianças em disparada, correndo como se a magia fosse razão suficiente para se lançar na vida de braços abertos. E vê uma menina, segundos antes temerosa da luz, agora entregue à intensidade do sol — como se ele tivesse sido inventado por Deus só para ela. Não como parte do caminho, mas como a promessa de uma aventura.

Naquele momento, o sol não era apenas sol. Era amor. Era presença. Era criação dedicada. E o homem, o mesmo que errara no passado, sentiu-se novamente humano. Como se sentir amor fosse a única forma de existir de braços abertos, procurando a sua própria magia, a sua própria redenção. Encontrando, enfim, um balde de sol... um calor que não se apaga, que mora no coração, e ali permanece — para sempre.