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Para quem não conhece, Casseta & Planeta foi muito mais do que um programa de TV — foi um verdadeiro marco cultural e satírico do Brasil, que também se desdobrou em revistas e publicações repletas de crítica social, humor afiado e uma leitura original da realidade. Embora tenha encerrado sua publicação impressa em 2009, a sua influência permaneceu viva como uma das maiores fontes de diversão e reflexão crítica para milhares de jovens — inclusive para mim.
Conheci Casseta & Planeta bem mais tarde, por volta de 2019, quando tropecei em uma cópia digital durante uma pesquisa na rede da escola. Aquilo me fisgou de imediato. Eu estava num momento criativo, quase revivendo uma segunda adolescência — e aquelas páginas antigas pareciam entender exatamente o que eu vivia. Era como reencontrar uma alma gêmea editorial.
O termo "casseta", que dá nome à revista e ao programa, remete à ideia de "casarão" — um espaço coletivo, um ponto de encontro para gente comum compartilhar ideias, provocações e risadas. E se esse "casarão" pudesse falar hoje? Como ele enxergaria o presente, em meio às timelines infinitas e às notícias que explodem em 15 segundos nas telas dos nossos celulares?
Casseta & Planeta se destacava por justamente oferecer mais do que manchetes. Oferecia contexto, crítica, absurdo inteligente. Tratava de música, política, viagens, comportamento e, principalmente, dava risada da nossa própria condição humana. Era como uma lente de aumento sobre a cultura brasileira — e, por extensão, sobre qualquer cultura que soubesse rir de si mesma.
Imagino como seria a versão atual desse casarão: talvez uma newsletter irônica, um podcast debochado, um canal no YouTube zoando os absurdos do metaverso e as crises existenciais dos influencers. Mostraria os exageros do "cinema estúpido", sim — mas com inteligência e crítica. Apontaria as distopias do presente com humor ácido, e ainda assim nos faria rir — e pensar.
Casseta & Planeta foi, e ainda é, um aliado para aqueles que estão tentando se encontrar num mundo cada vez mais contraditório. Para mim, representou um espaço de criação, de libertação e de identidade. E mesmo sem novas edições, continua sendo uma referência — um casarão onde o riso ainda ecoa e convida a pensar.
